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Postado em 19 de Janeiro de 2021 às 10h26

Cenário segue favorável à pecuária bovina no Brasil

EXPOMEAT 2025 - V Feira Internacional da Indústria de Processamento de Proteína Animal e Vegetal A oferta de gado para abate no Brasil não deverá ser melhor em 2021 do que foi no ano passado, fator que, aliado a uma demanda...


A oferta de gado para abate no Brasil não deverá ser melhor em 2021 do que foi no ano passado, fator que, aliado a uma demanda firme da China pela carne brasileira, deverá continuar a oferecer sustentação à arroba no campo. Mas, com a queda, o consumo doméstico deverá seguir mais fraco, sobretudo depois do fim do auxílio emergencial do governo.

“É um ciclo espetacular para o pecuarista, puxado principalmente pelo mercado externo”, resume o sócio-diretor da MB Agro, Alexandre Mendonça de Barros. Depois de bater recorde em novembro, quando superou R$ 280, o indicador Cepea/B3 para a arroba do boi gordo fechou o ano passado a R$267,15, 26,1% mais que no último dia de 2019 (R$206). Neste ano, o índice já acumula, em plena safra, ganhos de 4,62%. Na sexta-feira passada, o indicador fechou a R$279,50.

No que diz respeito à oferta, não é difícil compreender as razões que a farão continuar restrita. Com as cotações em alta, os pecuaristas vão, mais uma vez, reter as matrizes para tentar aproveitar ao máximo a boa maré de preços da arroba e do bezerro.. Esse movimento do ciclo pecuário começou no quarto trimestre do de 2019.

A oferta reduzida de animais se reflete na queda de abates. Nos nove primeiros meses de 2020, o abate de bovinos recuou 8,3% em relação ao mesmo período do ano anterior, para 22,3 milhões de cabeças. Os dados fechados do ano deverão ser divulgados em fevereiro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Além dessa oferta restrita, o suporte dos preços virá da firme demanda chinesa. “Vamos exportar mais e, possivelmente, produzir a mesma coisa. Assim, os preços internos devem continuar testando os limites do consumidor”, diz Alexandre Mendonça de Barros.

No mercado doméstico, os preços alcançaram máximas no atacado em São Paulo. Os cortes do traseiro chegaram a R$22 o quilo, bem acima do recorde da última década (R$14). “Provavelmente, janeiro será bem mais frágil do ponto de vista de poder aquisitivo, e esse preço vai ter que cair”. Segundo o IPCA, os preços de cortes mais caros, como o filé mignon, registraram queda de 11,35% no varejo de janeiro a novembro. Mas acém e costela, por exemplo, subiram - 16,27%, e 26,4% respectivamente.

O teste de limites encontrará pelo caminho fatores como o fim do auxílio emergencial, o avanço do coronavírus e o elevado nível de desemprego - 14,6%, segundo dados do IBGE referentes ao terceiro trimestre de 2020.

Esses componentes, juntos, agravam uma tendência que já vem de alguns anos, que é a queda no consumo de carne bovina no mercado doméstico. Segundo dados da Scot Consultoria, o consumo de carne bovina no país cai 6,7% em 2020, para 26,79 quilos por quilos por habitante ante 2019.

“Chegamos a 40 quilos por habitante ao ano quando PIB subiu 7%, no governo Lula. A tendência é que esse recuo no consumo doméstico persista e a média volte a patamares dos anos 1970”, projeta o sócio-diretor da MB Agro.

Por outro lado, os pecuaristas deverão continuar com os custos de produção mais altos já vistos - os preços de grãos como soja e milho, básicos para ração em confinamentos, bateram recordes históricos em 2020 e continuam nas alturas.

Na bolsa de Chicago, a oleaginosa superou os US$ 13 dólares por bushel, enquanto milho flerta com os US$ 5 por bushel. “Ainda assim, o criador que faz ciclo completo vive um momento excepcional. Já para quem faz recria e engorda o cenário é mais difícil, pelo alto custo dos grãos e do bezerro. Mas usando bem o pasto, é possível ter um bom desempenho”, afirmou.

Fonte: Valor Econômico

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