Mesmo diante de um cenário de incerteza econômica para muitos setores, a alta no preço da arroba e o aumento das exportações sinalizam que o ano será positivo para a pecuária de corte brasileira. As “Perspectivas para o mercado da pecuária no Brasil” estiveram em pauta no último dia 17 de junho no encontro on-line promovido pela Datagro e o Grupo Pecuária Brasil (GPB), que reuniu especialistas do setor para debater o panorama da carne bovina e o que o produtor pode esperar para os próximos meses.
“Com a crise da covid-19, muitos ficaram preocupados com a reação do mercado e achavam que o setor também sofreria um forte impacto interno. A arroba do boi gordo se manteve firme. Apesar do mercado interno ter tido uma pequena diminuição, o que percebemos foi que as exportações continuam muito fortes, batendo recordes históricos mês a mês. O Brasil continua abrindo novos destinos e esses foram fatores que ajudaram a dar suporte no preço”, explicou o commodity broker da Socopa Corretora, Eduardo Siqueira Ribeiro, conforme nota à imprensa dos organizadores.
Segundo ele, a oferta de animais terminados diminuiu bastante nos últimos meses e, por isto, houve reflexo no mercado da combinação baixa oferta / grande demanda. “Os números de abate de janeiro até agora mostram que a oferta de animais está menor, fator que aliado à exportação fortíssima tem dado sustentação no preço. Isso contrariou toda expectativa negativa da pandemia”, reforçou.
Para o diretor executivo do GPB e coordenador técnico do balizador GPB/Datagro, Luiz Roberto Zillo, as perspectivas para o segundo semestre são de otimismo dentro do setor agropecuário. Mesmo num momento atípico, o agro continua fortemente exercendo seu papel de levar comida à mesa dos brasileiros e alimentar o mundo.
“Ainda não sabemos quando essa situação [pandemia] terminará e nem se diminui a demanda ou não. Mas tudo leva a crer que a pecuária e a agricultura vão muito bem. O setor está exportando e a nossa qualidade e produtividade são muito grandes. O agro é um dos motores de arranque para a retomada da economia. Acredito que as exportações de carne bovina vão continuar e não vejo no segundo semestre uma queda. No mínimo, teremos uma estabilidade do momento atual”, comentou Zillo.
O webinar contou ainda com a participação do analista sênior da Datagro, João Otávio Figueiredo, que atuou como mediador, e do gerente corporativo de compra de gado da Marfrig Global Foods, Maurício Manduca.
Para manter o abastecimento das prateleiras, sem prejuízo aos consumidores, Manduca repassou as ações empenhadas pelo frigorífico no combate ao coronavírus junto a todos os colaboradores e os investimentos feitos em prevenção.. “Desde o começo de março agimos preventivamente em todas as nossas plantas. Estamos testando todos os funcionários. São 18 mil testes e, se positivado, afastamos o colaborador, com todas as orientações e o respaldo necessários. Esse é o resultado do nosso sucesso e não tivemos que parar nossas unidades. Assim, conseguimos continuar a operação sem prejuízos na entrega de carne”, relatou.
Em sua participação, ele enfatizou também a produção da carne brasileira e a necessidade de os produtores entenderem o que os consumidores querem. “Hoje, temos mais animais jovens sendo produzidos em fazendas intensificadas. Antes, o mercado era abastecido com animais mais velhos, bois inteiros e pH alto. O mercado importador foi quem ajudou para que o produtor trouxesse melhores animais. O produtor precisa entender o que o consumidor gostaria de consumir, pois a indústria apenas processa o que o consumidor quer”, reforçou.
Fonte: CarneTec