Empresa de aves espera melhora nos resultados em 2024, com uma conjuntura mais positiva do mercado, tanto aqui quanto lá fora
Perto de terminar um ano de desafios para o setor de aves, com custos, em geral, mais altos e preços mais baixos, a goiana São Salvador Alimentos espera melhora nos resultados em 2024, com uma conjuntura mais positiva do mercado, tanto aqui quanto lá fora.
Também no ano que vem a empresa deve colher os frutos de investimentos de cerca de R$ 250 milhões feitos no decorrer de 2023, que incluem uma fábrica de industrializados em Itaberaí (GO), onde fica a sede da companhia, e um projeto de energia híbrida para atender a unidade de Nova Veneza (SC), que está em expansão.
Neste ano, a receita líquida da São Salvador “anda de lado”, segundo o CEO Hugo Perillo, e deve ser “bem parecida” com a de 2022, quando chegou a R$ 3,04 bilhões.
“A carne de frango hoje é 10% mais barata do que ano passado. Então, aumentamos a produção em 10%, mas com a queda de preço deve ficar mais ou menos igual, bem parecida com o ano passado”, afirma.
Ele diz que o mercado “já tem recuperação neste trimestre” e a expectativa é de que, com a melhora no segmento de carne bovina no exterior e no Brasil, frangos e suínos também se recuperem.
Embora a China, “o grande consumidor”, ainda viva uma desaceleração, Perillo avalia que medidas para equilibrar oferta e demanda de carnes nos EUA vão ter reflexos positivos também para o Brasil. Como exemplo, ele cita o abate de fêmeas na pecuária americana este ano e o fechamento de unidades de frango da Tyson nos EUA. “O custo já está querendo voltar um pouquinho. Então, olho 2024 como um bom ano”, afirma.
Assim como em 2023, no próximo ano, a empresa prevê investir novamente em torno de R$ 250 milhões. De acordo com Perillo, os recursos serão aplicados em melhoria de processos, portfólio, novas embalagens, P&D, inovação, e grande parte em TI e no projeto de implementação de SAP.
Segundo ele, todo o crescimento da São Salvador nos próximos anos deve vir da unidade de negócios de Nova Veneza, onde foi implantado o projeto de energia híbrida para melhorar a eficiência energética e que entrou em operação em 30 de outubro. Com um investimento de R$ 37 milhões, a empresa instalou uma usina solar fotovoltaica e uma termoelétrica próprias no complexo industrial.
Com isso, conta agora com três fontes de energia: a distribuidora local de energia, a usina fotovoltaica e a usina termoelétrica, explica Henrique Fernandes Borges, engenheiro eletricista responsável pelo projeto na São Salvador.
Segundo ele, a termoelétrica só entra em funcionamento em momentos em que as outras duas fontes não conseguem suprir a energia demandada. “Com geração solar, a empresa deixa de comprar parte da energia no mercado livre e passa a consumir a própria energia, que é mais em conta do que a que compra no mercado”.
Além disso, diz, o sistema traz mais confiabilidade, pois evita a paralisação da produção, dos equipamentos e dos funcionários caso o fornecimento de energia pela concessionária seja eventualmente interrompido. Isso significa também mais vida útil para os equipamentos, acrescenta. “O ganho é muito grande”.
A unidade de Nova Veneza, habilitada a exportar ao Japão, África do Sul, México, Canadá, além do mercado halal, tem capacidade de abate de 160 mil aves por dia, e recebe investimentos para alcançar capacidade de 180 mil em 2024.
A São Salvador, que é uma SA de capital fechado, preparou-se para uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), mas hoje o projeto está parado “porque o mercado não está dando condições, com juros muito altos e o investidor está mais cético”, afirma Hugo Perillo.
Fonte: Globo Rural – Aviste
Autor:Alda do Amaral Rocha