Em evento em SP, Gilberto Tomazoni afirmou que a questão não será solucionada sem ação conjunta entre os setores público e privado
O CEO global da JBS, Gilberto Tomazoni, voltou a defender a criação de um sistema nacional obrigatório de rastreabilidade como forma de combater o desmatamento ilegal no país, informou a JBS na semana passada. Durante o J. Safra Brazil Conference 2023, na última terça-feira (26), em São Paulo (SP), Tomazoni falou a autoridades do Brasil e do exterior, além de líderes empresariais, sobre soluções adotadas pelo agronegócio em prol de um sistema produtivo ainda mais sustentável.
O executivo, que participou do painel Agri & Food Business, reforçou que a produção sustentável é o caminho para enfrentar os dois maiores desafios que a humanidade enfrenta atualmente: garantir à crescente população mundial acesso a alimentos de qualidade e combater a mudança climática.
“Apenas 2% dos investimentos que são destinados ao combate às mudanças climáticas vão para a agricultura. Considero isso pouco, já que o setor tem um papel central neste processo de transformação”, disse Tomazoni no evento segundo o comunicado da JBS. Ele ressaltou ainda que enfrentar o desmatamento ilegal no Brasil requer atuação conjunta entre setor público e privado. “Precisamos eliminar o desmatamento, mas esta é uma questão que nenhuma empresa ou setor sozinhos vão conseguir resolver, por isto acredito que é preciso criar uma política nacional obrigatória de rastreabilidade do gado.”
Ele destacou que a JBS hoje já atua para ajudar os produtores a serem mais produtivos e sustentáveis. Um exemplo citado pelo CEO foi o projeto dos Escritórios Verdes, criado pela companhia para oferecer apoio técnico gratuito para produtores rurais que desejam tornar sua produção mais eficiente e sustentável, além de apoiá-los para sanar qualquer passivo ambiental. Atualmente, o projeto conta com 19 Escritórios Verdes em operação. Até o fim do ano, serão 20.
Além disso, Tomazoni explicou que, para tornar a cadeia bovina cada vez mais eficiente e sustentável, livre de qualquer prática socioambiental irregular, a JBS já utiliza há quase 15 anos um sistema de monitoramento geoespacial para garantir o cumprimento de seus critérios socioambientais. Esse sistema avalia diariamente mais de 70 mil potenciais fornecedores de bovinos no Brasil.
Diretora de Sustentabilidade da JBS reforçou tema para delegação dos EUA
Em linha com a proposta de Tomazoni, a diretora de Sustentabilidade da JBS Brasil, Liège Correia, também defendeu a existência de um programa nacional obrigatório de rastreabilidade do gado, mas fez esta defesa em outro evento: um seminário promovido pela AmCham Brasil também em São Paulo e na terça-feira passada. Liège falou a representantes do governo americano sobre iniciativas para combater o desmatamento ilegal, informou a JBS em comunicado separado. Para além da rastreabilidade, a executiva reforçou a importância da atuação em parceria com produtores rurais pela promoção de uma pecuária mais sustentável.
“Há mais de dez anos, a JBS investe em sistemas de monitoramento para garantir o cumprimento da nossa Política de Compra Responsável. Mas esse é um desafio que ninguém vai resolver sozinho. Por isso, temos defendido a importância de um sistema nacional obrigatório de rastreabilidade como solução definitiva para acabar com desmatamento ilegal”, afirmou Liège.
A executiva participou de encontro que contou com representantes de empresas brasileiras e americanas e faz parte da agenda da equipe de John Kerry, enviado especial para o Clima da Presidência dos Estados Unidos. Essa delegação da Casa Branca é comandada por David Thorne, conselheiro sênior do Gabinete de Kerry. O objetivo da visita é prospectar oportunidades de negócios e trocar experiências e iniciativas sobre tecnologia verde.
No painel sobre Florestas, Bioeconomia e Economia Sustentável, Liège falou sobre estratégias e modelos utilizados para promover uma pecuária mais sustentável e livre do desmatamento ilegal. “Contribuímos para a transição das fazendas para produzirem cada vez mais alimentos de forma sustentável.”
Liège Correia ressaltou o trabalho realizado pelos Escritórios Verdes e lembrou que o país tem um universo de 6,5 milhões de propriedades rurais. Segundo ela, muitos produtores entendem a importância de sua contribuição para uma agropecuária mais sustentável. "Temos de apoiar esse produtor a fazer a transição para uma pecuária de baixo carbono e chegar àqueles que ainda não compreenderam a emergência que vivemos."
Desde maio de 2021, quando esse trabalho começou, 6,7 mil fazendas foram regularizadas, e 2,45 milhões de cabeças puderam voltar à rede de fornecimento da JBS. O equivalente a 2 mil hectares já foi direcionado à recuperação de florestas. A expectativa é fechar 2023 com a marca de mais de 8 mil propriedades apoiadas. Até o momento, 18,7 mil produtores já procuraram os Escritórios Verdes.
A visita da delegação norte-americana ocorreu na semana passada e teve agenda em São Paulo e no Rio de Janeiro, segundo a JBS.
Fonte: Carnetec