Mesmo sob o impacto da suspensão das vendas da carne bovina brasileira para a China, que completou dois meses no último dia 4 de novembro, o mercado chinês continua sendo o maior importador do produto nacional.
Em outubro, a cidade-Estado de Hong Kong comprou 19,46 mil toneladas de carne bovina in natura e processada brasileira, enquanto a China Continental importou outras 8,23 mil toneladas, totalizando 27,7 mil toneladas (25,5% de tudo o que o país exportou do produto no mês).
Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério da Economia, compilados e divulgados pela Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) no sábado (06).
Considerada uma exportação residual, a quantia de 27,7 mil toneladas ainda assim foi suficiente para alçar a China à primeira posição no ranking dos maiores compradores do mês passado. O volume representa mais que o dobro do obtido pelo segundo ou terceiro colocados, Chile (13,5 mil t) e Estados Unidos (13,4 mil t), respectivamente, ou a soma de ambos.
No entanto, o resultado de outubro está aquém das 109,1 mil toneladas importadas pela China em igual mês de 2020, demonstrando que, enfim, o mercado sentiu o efeito negativo da suspensão motivada por casos do mal da "vaca louca" atípicos confirmados no Brasil no início de setembro.
O tipo de carne
Mas, afinal, o que seria essa exportação residual tardia computada oficialmente no mês de outubro com destino à China? Ainda são as compras realizadas anteriormente à data da suspensão, tal como ocorreu em setembro e que gerou um recorde de importação por parte da China? Ou seriam novas compras, sinalizando que os chineses continuarão importando do Brasil, em menores volumes, mesmo durante a suspensão?
Uma fonte do mercado disse à CarneTec sob condição de anonimato que é por Hong Kong que entra boa parte dos miúdos e processados bovinos exportados pelo Brasil. "O que pode estar havendo é uma interpretação por parte de Hong Kong de que estes produtos não entram na restrição, que vale mais para a carne in natura."
Essa mesma fonte lembrou que em 2010, durante o bloqueio decorrente da febre aftosa no Paraná, a China suspendeu as compras, mas Hong Kong continuou comprando, "embora as quantidades daquela época fossem pequenas perto do que a China movimenta hoje em dia". Agora, porém, tanto continente quanto cidade-Estado continuam comprando, segundo os dados mais recentes.
E acrescentou: "mas isso é meramente especulativo porque ainda não há informações oficiais chinesas sobre essa movimentação de 27,7 mil toneladas. Há, sim, o registro da Secex de que 27,7 mil toneladas foram de fato exportadas para a China em outubro".
O fato é que o protagonismo chinês está mantido: a China continua sendo, com folga, a maior compradora da carne bovina brasileira na atualidade. E uma maior participação dos produtos de valor agregado nas vendas externas, como os processados bovinos, pode ser considerada um fator positivo em meio ao cenário incerto.
Fonte: CarneTec