Tivemos a notícia de uma alta histórica no preço da arroba do boi gordo, devido a guerra comercial entre China/Estados Unidos e da peste suína africana, consequentemente fez a carne brasileira cair na graça do mercado chinês aumentando nossa demanda por este bem. Por um lado, produtores, frigoríficos e exportadores entusiasmados, e por outro, o consumidor interno ajustando seu orçamento doméstico, mas isto são nuances de qualquer mercado. O fato é: o que muda dentro da cadeia de valor do gado de corte? Qual deveria ser o posicionamento dos stakeholders frente a esta demanda absurda com margens interessantes?
Talvez os produtores menos preparados estejam em um momento de euforia, já fazendo planos de compras de bens, terrenos ou até mesmo renovação de maquinários. Porém, a maré boa não se manterá eternamente, as demandas tendem a estabilizar a médio prazo e neste momento, o produtor ou o frigorífico que não aproveitou a onda para se tornar mais eficiente, vai acabar sofrendo as consequências.
Esta é a grande oportunidade de tentarmos ser mais eficientes, flexíveis, e competitivos no que diz respeito ao mercado de carne. Não podemos continuar nos dando ao luxo de experimentar índices de perdas e desperdícios na ordem de 20% da produção. Estamos com a faca e o queijo na mão, temos recursos, temos know-how e temos tecnologia para fazer isso acontecer.
Neste intuito, conforme já falamos no artigo anterior, estamos experimentando uma era da digitalização, onde vemos todos os conceitos e tecnologias advindas da Indústria 4.0, entrando sem pedir licença dentro do campo e do agronegócio como um todo, desde a produção primária, fornecedores de insumo, indústrias de beneficiamento e transformação, incluindo também a enorme cadeia logística.
Já a algum tempo se vê robôs realizando cortes precisos dentro de frigoríficos, mas isso é apenas uma gota em um oceano de possibilidades. De que adianta reduzir custos de mão obra com o uso de robótica, se minha linha de produção não é eficiente. De que adianta um corte preciso, se minha casa de máquinas está sucateada, demandando altos custos de produção e manutenção e inclusive perdas por falta de disponibilidade de frio?
Hoje existem recursos de digitalização, como por exemplo, sistemas de inteligência artificial, “machine learning”, Internet das Coisas (IoT) entre outras tecnologias que nos possibilitam reduzir custos operacionais dentro de um frigorífico e até mesmo no campo, propiciando sistemas de manutenção preditiva, padronização de equipamentos, integração em tempo real entre todas as partes do processo por não falar em recursos que facilitam e otimizam a comercialização da carne.
Estamos em um momento excelente para investimentos em novas tecnologias e o melhor de tudo é que não precisamos reinventar a roda. Esta tecnologia já está aí, disponível para todos. Basta arregaçarmos as mangas, se assessorar a fornecedores de tecnologia sérios, com produtos e propostas consistentes e fazer a digitalização acontecer.
Fonte: Artigo de Ricardo Torralba
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