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Postado em 09 de Janeiro de 2020 às 11h21

Entrevista Acav: Cenário positivo para a avicultura brasileira em 2020

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EXPOMEAT 2024 - V Feira Internacional da Indústria de Processamento de Proteína Animal e Vegetal José Antônio Ribas Júnior, presidente da Acav (Foto: UQ Design) Em entrevista produzida e divulgada pela assessoria de...

José Antônio Ribas Júnior, presidente da Acav (Foto: UQ Design)

Em entrevista produzida e divulgada pela assessoria de imprensa da Associação Catarinense de Avicultura (Acav) na terça-feira (07), o presidente da entidade, José Antônio Ribas Júnior, disse que o Brasil vai liderar o agronegócio mundial. A aposta do dirigente tem como base o bom ano de 2019, favorecido principalmente pelas "gigantescas" compras de carnes feitas pela China. Segundo ele, esse quadro vai permanecer em 2020, mas advertiu que a situação chinesa é “episódica, não vai durar para sempre”. Por isso, recomendou cautela na ampliação da produção.

O dirigente realçou que “somos competitivos em custo, temos competências ambientais inquestionáveis, somos uma avicultura livre dos problemas sanitários que afetam nossos concorrentes e sabemos produzir com qualidade”. Por isso, para ele, os investimentos devem ser feitos na marca Brasil e no valor agregado dos produtos.

MB Comunicação Empresarial/Organizacional: Como foi o ano de 2019 para a avicultura brasileira e catarinense?

José Antônio Ribas Júnior: Fechamos 2019 com um saldo positivo, comparativamente com os anos de 2017 e 2018. Se considerarmos as expectativas e potencialidades do setor, podemos afirmar que estamos em recuperação. Voltando a ocupar espaços e tamanho que já foram nossos. Os últimos anos foram intensos, difíceis e com alguns dolorosos episódios. Entretanto, este último ano foi de retomada. Vejamos alguns sinais: voltamos a crescer nas exportações, ainda que em percentuais inferiores aos inicialmente projetados, a produção interna cresceu e temos um mercado interno que deve começar a se firmar. O desafio está no fato de que precisamos recuperar a rentabilidade e, assim, modernizar o parque industrial, investir em melhorias e ampliações para o atendimento de novas e melhores demandas. Também é importante dar retorno a todos que investem nessa cadeia de produção. Esses são pilares importantes que o ano de 2019 começou a construir e precisamos continuar em 2020.

As exportações brasileiras de carne de frango foram fortemente favorecidas em razão das doenças que atacaram os planteis da China. Esse quadro se manterá em 2020?

A China foi em 2019 o fato mais relevante do mercado mundial de proteínas, tornando este país nosso principal comprador de proteína de frango. A nova realidade de exportações, ante a situação chinesa, abriu novos espaços e oportunidades para o Brasil. Essa é a dinâmica do mercado: problemas em algum lugar geram oportunidades em outros. Dada a extensão e intensidade do problema em questão, teremos a continuidade deste impacto durante 2020 e 2021, pelo menos. Mas é importante reforçar que o crescimento de exportação de 2019 ainda foi tímido se compararmos com a expectativa e oportunidades que foram projetadas. Para que em 2020 possamos crescer a índices mais elevados, temos de seguir trabalhando forte na qualidade da nossa produção sem perder de foco a competitividade. Esse é um aspecto cada vez mais sensível na competição internacional. Nossos diferenciais competitivos de custo, a cada ano, diminuem de tamanho. A avicultura se desenvolve a passos largos em diversos países. Não podemos seguir achando que aqui se faz o frango mais barato do mundo, isto não é suficiente ou sustentável. Temos de fazer aqui o melhor frango do mundo. Isso abre portas e gera retornos sustentáveis.

Em 2020 a China continuará importando esses imensos volumes de carnes?

A demanda chinesa seguirá em 2020. Embora, é preciso considerar que a produção interna por lá é crescente. A avicultura, por ter um ciclo rápido, é capaz de apresentar crescimento de produção maior que qualquer outra proteína. Mas a demanda mundial trará volumes adicionais ao Brasil e, especialmente, para Santa Catarina. Cabe a nós aproveitar com responsabilidade essa oportunidade.

Algumas agências de inteligência agrícolas estão prevendo que a China recupera sua avicultura em 2020 e, assim, deve diminuir as importações. O senhor concorda?

A recuperação da avicultura chinesa é um fato. Os chineses fecharam o ano de 2019 como segundo maior produtor de frangos do mundo, superando o Brasil. Como citei, a avicultura possui um ciclo de produção rápido, fato que pode limitar o crescimento das exportações, acelerando a recuperação da disponibilidade interna por lá. Mas, certamente, somos a avicultura do mundo em melhores condições de atender a uma demanda crescente.

Estão surgindo projetos de investimentos em novas indústrias avícolas, em várias regiões do país. Se a situação da China for passageira, não seria uma temeridade aumentar a produção e, mais tarde, sofrer crise por excesso de oferta?

Não podemos pautar o crescimento da avicultura brasileira sobre um único pilar, menos ainda conectada a um episódio específico. Temos de olhar o longo prazo, entender a dinâmica desse mercado e saber exatamente o papel que queremos exercer no cenário mundial. Somos competitivos em custo, temos competências ambientais inquestionáveis, somos uma avicultura livre dos problemas sanitários que afetam nossos concorrentes e sabemos produzir com qualidade. Dados esses fatos, nosso investimento deve ser feito na marca Brasil e no valor agregado dos produtos. Devemos colocar um mix de maior valor agregado à disposição dos clientes mundiais. Precisamos aumentar nossa rentabilidade e crescer, antes e acima de tudo, em faturamento. Em resumo, temos que ter muita serenidade para um crescimento sustentável e um plano estratégico como país.

Esse episódio de surgimento de doenças na China deve deixar em estado de alerta máximo os países produtores?

Independentemente desse episódio, o tema de proteção do patrimônio sanitário do Brasil e, especialmente, de Santa Catarina deve ser agenda número 1 de todos. Governos, empresas e produtores possuem responsabilidades específicas e conjuntas nesse tema. Nossa vigilância precisa ser ativa e constante, com plano em execução nas frentes proativa e reativa, ou seja, temos de realizar todos os esforços para impedir a entrada de qualquer problema e, ao mesmo tempo, ter contingências efetivas para uma rápida resposta caso as barreiras falhem.

O Brasil está preparado para evitar a entrada dessas doenças?

Há muito trabalho a ser feito. Temos o empenho do governo, via ministra da Agricultura, e das empresas privadas. Nossas barreiras em portos e aeroportos ainda são frágeis, todos temos consciência. Mas, de fato, há um movimento para evoluirmos nesses temas. Desenvolvendo estratégias de comunicação, conscientização, inspeção e gestão de consequência. De outra parte, desenvolvendo capacidade de diagnóstico e eliminação de focos caso aconteçam. Nesse tema, em resumo, temos de investir em prevenção e em capacidade de reação. Esses pontos fazem a diferença entre o sucesso e o fracasso. Sob a ótica de campo, muito já foi feito. Nossas empresas e produtores vem investindo em prevenção há muitos anos. Mas não podemos baixar a guarda jamais, os esforços continuam e são acrescidas ações de renovação da conscientização quanto aos procedimentos de biossegurança.

Quais as projeções que o senhor faz para 2020? Vamos finalmente encerrar essa que é (ou foi) uma das maiores recessões da história republicana brasileira?

São evidentes os sinais positivos de melhoria do cenário econômico para o Brasil. Entretanto, a velocidade ainda é lenta. Nossos representantes políticos precisam aprovar as reformas tão necessárias para o país. Um pacto de modernização tributário, administrativo e político é necessário. A bandeira é uma só: temos de crescer criando riquezas, isto gera novos empregos, empregos geram mais riquezas, ou seja, a roda da economia gira e todos ganham. Essas são forças de inclusão social e econômica. A partir disso, os investimentos em educação, saúde e todos os demais serão viabilizados. Por consequência, teremos um mercado interno forte. Esse é o combustível para o país crescer e se desenvolver. Somos um país rico em recursos, que precisa se tornar rico em desenvolvimento humano. Estamos entrando em um novo ciclo de prosperidade. Todos nós precisamos cumprir nosso papel de cobrar ações rápidas e assertivas de nossos governantes e legisladores.

A cadeia produtiva da avicultura industrial está satisfeita com o governo de Jair Bolsonaro? Por quê?

Sempre queremos mais e melhores ações de governo. Nossa posição é de liderar o agronegócio mundial, ter protagonismo nas principais cadeias de produção. Nesse contexto, o trabalho em conjunto com o governo tem sido relevante. Temos uma ministra de Agricultura que conhece e fala com o setor em alto nível. Reconhecidamente, essa parceria tem conquistado novos mercados. Por outro lado, temos uma agenda interna relevante, por exemplo: de modernização das normas e regulamentações, de implementação de autocontrole, simplificações operacionais, melhorias logísticas, enfim, soluções necessárias para quem quer participar dos maiores e melhores mercados do mundo. Temos motivos de sobra para nos orgulhar do agronegócio brasileiro, porém, temos de primeiro fazer todo o brasileiro perceber isto. O que definirá se temos um bom governo ou não, numa análise muito simples, são as “obras” que ficam. Que legado será deixado.

O Ministério da Agricultura está sensível para os problemas do setor?

Nossa ministra tem sido uma interlocução presente e ativa nos pleitos do setor. Há sempre conflitos, e estes são importantes, para que possamos ter consistência nas decisões. O setor requer agilidade nos processos, pois a velocidade das oportunidades exige isto. Mas sabemos que o debate é parte inegociável do processo decisório. Todos temos os mesmos interesses, queremos produzir mais e melhor. Setores público e privado podem e devem trabalhar mais juntos. Com transparência de ações e legitimidade nos objetivos vamos, juntos, construir um Brasil e um agronegócio melhor.

Fonte: Carnetec

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