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Postado em 23 de Fevereiro de 2021 às 09h15

Wangus: duas super-raças em uma para obtenção de um produto premium

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A origem da raça de gado angus remonta aproximadamente ao ano de 1500, nas cidades escocesas de Aberdeen e Forfar (localizadas no condado de Angus), onde foi comprovada a existência de um gado bovino rústico, sem chifres e de pelagem preta e vermelha. Nos séculos seguintes, devido a importantes características produtivas, a raça foi difundida na Grã-Bretanha, Irlanda, Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Argentina e outros países pecuaristas mundo afora.

Essa raça é caracterizada por sua fertilidade marcante e capacidade de procriação, elevada precocidade sexual e reprodutiva, alta capacidade de crescimento e excelente rendimento cárneo, com qualidade insuperável.

Todos que se lançam no ramo pecuarista, especialmente nas Américas do Norte e do Sul, concordam que a raça angus é a mais popular de todas. As cooperativas de criadores dos países desses continentes desenvolveram um programa de carnes de primeiríssima qualidade, um banco de dados de crias e genômica de última geração, que colocam a raça angus em primeiro lugar no ranking dos produtos com excelência em qualidade cárnea.

A raça angus conta com um arcabouço de informações vasto, e o nível de confiabilidade destes dados é mais elevado do que o de outras raças bovinas devido à sua imensa rede de informações. Desde a descoberta do genoma dos bovinos, a raça angus se tornou pioneira, dentre as outras, na solução desse quebra-cabeça genético, fornecendo informações aos programas de identificação de genes. Foi com a obtenção desse conhecimento e de ciclos de seleção que os pecuaristas transformaram a raça angus na mais prognosticável, poderosa e lucrativa.

A angus se destaca pelas quatro características mais rentáveis na hora da escolha de um animal: fertilidade, longevidade, adaptabilidade e eficiência. O leite, os músculos, o crescimento e o marmoreio, por mais importantes que sejam, são fatores secundários. Somado a isso, hoje em dia o marmoreio dessa raça melhorou consideravelmente, porém, sem alcançar os níveis obtidos pela raça wagyu. Então, o cruzamento com a wagyu contribuiria com o marmoreio de forma simples e rápida sem que se saísse do roteiro vigente de seleção por parte do criador de angus.

A heterose (ou vigor híbrido) que o cruzamento propicia é um fator concreto e importante na criação de gado para venda. A heterose possibilita uma vantagem no desempenho, acima da média dos genitores, e potencializa os genes de baixa hereditariedade, como a reprodução e a saúde.

Além disso, o cruzamento deu lugar a raças sintéticas, como a brangus, que apresenta para as regiões tropicais e subtropicais uma oportunidade insuperável, trazendo rusticidade, qualidade na carne e precocidade. Existem vários programas de cruzamento, que podem incluir duas ou mais raças, e a Argentina é o exemplo mais comum de país que possui raças criadas para a produção de carne, sobretudo na região úmida dos Pampas, com o novilho “mascarado” (de cabeça branca e corpo preto), cruzamento de angus com hereford.

Portanto, para mercados exigentes ou nichos de mercado que buscam um produto diferenciado e de elevado marmoreio (high choice e prime), a opção de cruzamento com wagyu se torna algo muito interessante.

Nesse sentido, o cruzamento entre angus e wagyu tem como resultado o wangus, nome que lhe foi dado para representar esta cruza, mas que ainda não foi registrado oficialmente, tampouco consta nos registros como uma raça definida.

Há programas que combinam ambas as raças em variadas proporções. Dois exemplos dentro do cruzamento wangus são a proporção wagyu (25%)/angus (75%); e outro mais comum é a wagyu (50%)/angus (50%). No entanto, tudo vai depender dos objetivos produtivos que forem estabelecidos. À medida que o percentual wagyu sobe, perdem-se atributos da raça angus, mas ganha-se a favor da raça wagyu.

Dependendo do que os criadores tiverem em mente, os objetivos variam de um programa para outro. Tudo vai depender em que direção o mercado apontar. O rendimento cárneo adicional em quilogramas do boi médio é, para a maioria dos criadores de angus, o aspecto mais desejável. Isso fica claro pelo fato de a maioria da carne consumida, especialmente em países como México e Estados Unidos, estar na forma, por exemplo, de hambúrguer ou fajitas – na culinária Tex-Mex (fusão entre a estadunidense e a mexicana), uma carne grelhada servida em tortilhas de milho ou farinha.

Contudo, se o nicho de mercado ao qual o produto cárneo é destinado valoriza e pode adquirir esse marmoreio, a opção de cruzamento com wagyu se torna uma oportunidade de negócios muito relevante.



Expresso meus mais sinceros agradecimentos ao Dr. Luis Pedro Gutiérrez Cantú, do México; à Cooperativa Agrícola de Mazapil, do México; e aos integrantes da empresa Vaca Negra Wagyu Beef – parceiros que contribuíram com a elaboração desta reportagem.

Sobre o autor
O Dr. Abel Forlino é diretor e fundador da Wagyu 360, uma empresa dedicada à assessoria da produção e comercialização da carne wagyu e de carnes premium. Ele é responsável pelo desenvolvimento de projetos na Argentina, Equador, EUA e outros países. O Dr. Forlino é especialista na cadeia da carne, com ênfase em genética, reprodução e manejo animal. Possui graduação em Ciências Veterinárias pela Universidad Nacional del Litoral, na província argentina de Santa Fe. [email protected]



Por Abel Forlino em 19/02/2021

Fonte: Carnetec

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