O Brasil continuará ampliando seu peso no comércio agrícola mundial, ao mesmo tempo em que cresce a preocupação de consumidores em relação ao meio-ambiente, aponta o relatório “Perspectivas Agrícolas 2020-29”, publicado pela OCDE e FAO.
A América Latina e Caribe como um todo deverá consolidar sua posição de primeiro fornecedor mundial de produtos agrícolas. Sua produção é projetada para aumentar 14% nos próximos dez anos. As exportações devem aumentar 1,7% ao ano em média. Em 2029, a região representará 60% das exportações mundiais de soja, 40% de milho, 39% das vendas de açucar e 35% das exportações de carnes bovina e de frango.
Depois da América Latina, a América do Norte será o segundo fornecedor mundial, mas suas exportações terão crescimento menor (1,3% ao ano). O Leste Europeu (Russia e a Ucrânia, principalmente) e Asia central ficaram em terceiro lugar.
A Asia-Pacífico, a região mais povoada do planeta, continuará a exercer a maior influência na demanda de produtos destinados à alimentação humana nos próximos dez anos, devendo representar 53% da população mundial em 2029 (4,5 bilhões de habitantes).
Nesse cenário, as projeções são de que o Brasil, a China, os EUA e a União Europeia (UE) representarão cerca de 60% da produção mundial de carnes até o fim da década. A produção brasileira de carne bovina ficará atrás da dos EUA, mas o país vai superar a Índia como maior exportador mundial.
O Brasil continuará também como o maior exportador global de carne de frango. A produção de frango terá o maior crescimento globalmente, representando quase metade do aumento da produção total de carnes.
No caso de carne suína, igualmente manterá peso importante. A parte da China nas importações mundiais de carne suína passará de 17% em 2017 para 29% em 2020, e a maior parte dessas importações virá do Brasil, Canadá, EUA e UE.
As despesas alimentares dos consumidores estão mudando. Haverá um aumento global da quantidade de carnes consumida, mas esse consumo será cinco vezes maior nos países desenvolvidos que nas nações ricas.
Nos mercados desenvolvidos, preocupações ambientais e relativas à saúde vão favorecer uma transição de fontes animais de proteínas para outras fontes (como vegetais e insetos), assim como a substituição mais imediata de carne vermelha, como a bovina, por carne de frango e pescado, considerados mais saudáveis, segundo o estudo.
No caso da soja, as projeções indicam que a produção brasileira deverá alcançar 140 milhões de toneladas em 2029, colocando o país como maior produtor mundial, seguido pelos EUA (120 milhões/t).. O Brasil realizará 48% das exportações mundiais da commodity em 2029, ou 1 ponto percentual a mais que atualmente.
O país recuperará o primeiro lugar na produção mundial de açucar, depois de ter perdido a posição para a Índia.
As exportações brasileiras de algodão deverão dar um salto de 94% e colocar o país como o segundo exportador mundial até 2029. Pela projeção, o Brasil terá 10% da produção e 22% das exportações, só atrás dos EUA com 15% e 35% respectivamente.
No caso do milho, poderá abocanhar 20% das exportações mundiais comparado a 31% pelos EUA nos próximos dez anos.
Fonte: Valor