Estudo que demonstra panorama das start-ups agro no último ano abre portas para análises sobre o futuro do setor.
Um dos pilares econômicos do país, o agronegócio brasileiro pode ter um novo horizonte a partir deste ano de 2023. Para estabelecer as perspectivas sobre esse futuro, é preciso entender o cenário como ele está atualmente e as expectativas dos especialistas sobre o que está por vir.
Segundo a L6 Capital Partners, boutique de investimentos especializada em Fusões e Aquisições, enquanto surgem conversas sobre um agro mais sustentável para os próximos anos, com investimentos aplicados em ciência e tecnologia, há também um forte cenário de start-ups na área, as chamadas agtechs.
O potencial dessas empresas inovadoras é demonstrado no levantamento Radar Agtech Brasil, realizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), SP Ventures e Homo Ludens, com apoio da plataforma Distrito e do Sebrae. O estudo analisou, entre outras coisas, o mercado de investimentos do setor – que apontou 2022 como o ano mais próspero da série histórica do relatório, em termos de volume.
Em nota divulgada à imprensa em dezembro, Fernando Kunzel, sócio da L6 Capital Partners, explicou as razões por trás do sucesso: “o setor agro é, historicamente, a mola propulsora da nossa economia. No ano passado [2021], o setor representou cerca de 26% do PIB. Por si só, isso já resulta em mais crédito para a área, mas também estamos vivendo uma busca maior por soluções inovadoras, o que leva mais crédito especificamente para start-ups em estágio inicial”. Trata-se dos estágios de seed e pré-seed, que, segundo o estudo, são de fato os que mais receberam injeções de capital recentemente.
Agfoodtechs e tendências
Outro movimento relevante do mercado está no setor de alimentos, que vem ganhando destaque e deve seguir no mesmo caminho daqui para frente. No caso das start-ups, as companhias que tratam desse ramo específico são chamadas de agfoodtechs.
O Radar Agtech catalogou 1.703 empresas, sempre de base tecnológica, separando-as em três categorias principais fundamentadas na posição da cadeia produtiva em que atuam: antes da fazenda (14,2%), dentro (41,4%) e depois da fazenda (44,4%). A maioria, na terceira categoria, trata principalmente de soluções e tendências alimentares; ou seja, são as agfoodtechs. Elas receberam, em 2021, 85% a mais em valor de investimentos global em relação a 2020.
“Os próximos anos parecem estar bem encaminhados em termos de investimentos”, disse na mesma nota Willian May, engenheiro de produção e sócio na L6 Capital. “Contudo, é preciso cuidado para sempre acompanhar todas as tendências, não apenas aquelas voltadas para um ou outro ponto da cadeia produtiva, uma vez que as necessidades, bem como o capital, podem fluir entre eles”, completou.
Enquanto o mercado brasileiro de venture capital (VC) acabou por se tornar um dos principais da América Latina, toda a região é vista como um ecossistema poderoso para o agro. As agfoodtechs também são populares de forma geral: em 2021, os investimentos em VC para estas start-ups atingiram US$ 15,7 bilhões na América Latina, contra US$ 4,2 bilhões em 2020.
Ainda assim, como Kunzel apontou, outras tendências estão crescendo. O Radar Agtech identificou que os mercados de Insumos Biológicos, Agfintechs, Marketplace para o agronegócio e Climatechs são destaques para os próximos anos. Todos vêm atraindo fluxos de capital do mundo todo e podem atrair ainda mais em breve.
“A verdade é que o mercado está sendo bastante agressivo no crédito para o agro, com diversos FIAGROs sendo lançados. É improvável que o mercado recue em 2023, já que a busca por inovação e tecnologia é de grande importância para o fortalecimento do agro em todas as suas etapas, e o retorno segue positivo na maioria dos casos”, concluiu Kunzel.
Fonte: CarneTec